quarta-feira, 15 de junho de 2011

Afasia, A matrix e o Realismo Ingênuo.

Lembro que a alguns anos um amigo me mostrou  um CD de uma banda chamada DEADFISH e o nome CD do era afasia, após isso ele me apresentou o significado da palavra.
Desde aquele dia venho tentando fugir da afasia.





A trilogia Matrix, gira em torno do tema da negação do que é percebido imediatamente em função de uma certeza sobre algo que, embora não percebido, é tomado como verdadeiro motivo pelo qual se deve lutar por ele, mesmo que isso custe muito sofrimento e obstinação. Em termos filosóficos, isso mostra que a relação entre o percebido e o pensado tem dupla natureza: cognitiva (de conhecimento) e prática (de ação, de vida). Com isso inicio 


No cotidianos é feio fazer afirmações do tipo “eu não tenho certeza” ou “eu não sei”, é muito mais gostoso de dizer “eu sei” ou “eu tenho certeza”. Isso porque para determinadas pessoas, assumir que não sabem, é reconhecer-se ignorante. E ninguém gosta de ser ignorante, ou de se mostrar ignorante.


Nos textos dizem que para Sócrates, porém, entender-se como um ignóbil era revelar-se sábio. O filósofo tornou-se um transtorno para os sábios de seu tempo. Andava a procura de alguém realmente sábio e quando encontrava alguém, que se dizia especialista em determinados assuntos, ele travava diálogo com o mesmo e por meio de perguntas e respostas, como em um inquérito, acabava por revelar o completo despreparo do interpelado. Diante daquilo que não entendemos a reação mais correta deveria ser a proposta pelo filósofo Pirro, segundo ele o sábio deve recusar-se a pronunciar-se e adotar uma postura contemplativa, esse silenciar-se recebe o nome de afasia.

Não devemos confundir aqui a afasia neurológica, aqui se trata da afasia em filosofia.

Se por um lado é mais saboroso revelar-se conhecedor de determinados assuntos, por outro é mais sábio pronunciar-se em silêncio, a afasia é a eloqüência silenciosa. E se após refletir sobre o assunto ou acontecimento, chegar-se a conclusão que o tal é totalmente desconhecido, a melhor resposta é “eu não sei”.

Infelizmente hoje em dia, graças aos meios de comunicação de massa, todos “sabem”. Assistir a um documentário é o suficiente, segundo alguns, para fazê-los entendidos no assunto apresentado, ou matérias publicadas em revistas e jornais científicos são suficientes para se dominar um determinado saber.

A mídia, ao mesmo tempo em que é uma excelente ferramenta para propagar descobertas e conhecimentos científicos, tem se mostrado também uma excelente matriz de imbecilidade. Pois fornece explicações mastigadas e veta, na medida do possível, o espaço para o debate e confronto de idéias, que ajuda a separar o joio do trigo e promove uma visão mais clara e livre de preconceitos.

Tornemo-nos afásicos. Não incorramos no erro dos precipitados que aceitam toda sorte de novidades pinceladas com ciência que o mundo apresenta. Não basta que alguém diga “tal coisa foi provada cientificamente”, pois existe ciência e pseudociência.

Esta afasia proposta também pode ser entendida por “dúvida”. Porque será que temos esta tendência de acreditar em tudo? Bom, na verdade não é bem assim, a tendência está em acreditar nas fontes que consideramos autorizadas, o problema é que estas fontes nem sempre são merecedoras de crédito e mesmo quando são, não nos cabe duvidar dessas merecedoras de crédito?

Quando crianças nossas fontes são nossos pais, nossas figuras de autoridade. Conforme vamos crescendo transferimos a “figura de autoridade” para outras pessoas ou instituições, que podem ser parentes, professores, escola e mais ainda, a sociedade como um todo. Transferimos também essa mesma autoridade aos meios de comunicação, principalmente a TV que hoje começa a perder lugar para a Internet.

Essa transferência gradual acontece naturalmente e é explicada por Piaget em sua tese construtivista. Embora seja um processo natural é ao mesmo tempo perigoso caso o indivíduo no decorrer do processo não aprenda a questionar e avaliar as novas figuras, e até mesmo romper com elas, o rompimento é o verdadeira conquista da autonomia.

Assim como é importante que se ensine a acreditar é importante também duvidar, essa dúvida é parte importantíssima para o desenvolvimento da consciência critica, o tipo de consciência que vai gerar esse desvencilhar das figuras de autoridade.

É preciso entender, porém que essa dúvida proposta aqui não é uma recusa, mas sim a exigência de provas adquiridas por métodos de análise e experimentação empírica.

O afásico duvida primeiro do que lhe é apresentado, mas não descarta as possibilidades do tal ser verdadeiro, antes silenciosamente medita, analisa, inquire, pesquisa, confronta conceitos e por fim chega a uma conclusão, que pode não ser a certa, mas que será com certeza uma conclusão muito mais madura e bem fundamentada.


Deixo um vídeo do filósofo Robert Anton Wilson que nos explica de maneira simples o que é Física Quântica e fala sobre a natureza da realidade.

Um comentário:

  1. Boa sorte com o blog, estou te seguindo.

    Dê uma olhada no meu blog: descontrarir.blogspot.com

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